A máxima é universal: o atendimento oncológico deve estar integrado a um centro de tratamento especializado, dentro do qual se deve dar atenção especial aos pacientes, sobretudo quando se trata de crianças e adolescentes, zelando, inclusive, por atuação humanizada. Assim pode ser sintetizada a parceria existente entre a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), e a Associação dos Voluntários a Serviço da Oncologia em Sergipe (Avosos), casa de apoio com foco infantojuvenil que tem mais de 30 anos de fundação.
A relação entre a Prefeitura e a Avosos é de longa data, sendo intensificada no início de 2017, quando foi assinado um Termo de Cooperação Técnica, um meio de a gestão municipal contribuir com seu papel social, possibilitando auxílios diversos a Avosos que, em troca, também viabilizou cursos e palestras.
Recentemente, essa parceria ficou ainda mais sólida. Isso porque, a partir deste mês de julho, pacientes pediátricos com suspeita de câncer estão sendo regulados via Núcleo de Controle, Avaliação e Regulação (Nucar/SMS) e encaminhados para atendimento no Ambulatório Pediátrico de Triagem da Avosos, possibilitando qualificar ainda mais o atendimento pediátrico oferecido pela Rede de Atenção Primária do Município.
De acordo com a coordenadora da Área Programática e Estratégica da Atenção Primária à Saúde da SMS, Kamila Fialho, antes da parceria, essa interação entre SMS e Avosos era feita de forma informal, ou seja, os pacientes não eram regulados, o que dificultava o acompanhamento.
Kamila lembra ainda que, o atendimento pediátrico nas Unidades Básicas de Saúde seguirá regularmente e sempre que o médico ou enfermeiro de Saúde da Família avaliar a necessidade de atendimento pediátrico, será feita a solicitação via sistema, possibilitando celeridade na realização de exames.
“Conseguimos incluir, por meio da parceria com a Avosos, sem ônus para a SMS, a pediatria oncológica. Lembrando que a criança vai precisar passar pela UBS e, se constatando o câncer ou a possibilidade de ter o câncer, ela será inserida no Sistema de Regulação e encaminhada para a Avosos”, diz a coordenadora, ao externar que “a parceria é muito importante para as nossas crianças, porque o câncer infantil quase não tem prevenção e o gargalo é justamente detectar precocemente”.
Demanda
O presidente da Avosos, Wilson Melo, explica que o Ambulatório para Triagem recebe por semana, em média, 16 casos suspeitos, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde de Aracaju. “A médica pediátrica faz a avaliação e começa pedir os exames necessários para elucidar o diagnóstico. Então, os médicos pediatras das Unidades de Saúde da Família encaminham essas crianças para o nosso Laboratório de Triagem e a gente agiliza os exames. Neste caso, passamos a fazer parte do Sistema de Regulação da Secretaria de Saúde para os casos suspeitos. O resultado do diagnóstico sai em 15 dias”.
Wilson esclarece que, se for diagnosticado o câncer, o paciente é encaminhado para o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), que é a porta de referência para esse tipo de tratamento. Caso não seja diagnosticado, a criança é encaminhada para a UBS de origem para que o médico possa dar continuidade à investigação.
“A gente deu toda uma orientação para a SMS, enviando manual como referência, elaborado pelo Instituto Nacional de Câncer, do Ministério da Saúde, e da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica. Essa normativa foi encaminhada a todas as UBS de Aracaju. O Nucar, Núcleo de Regulação, fez um protocolo em cima dessa normativa, dando as diretrizes para o médico verificar a necessidade de quem é suspeito ou não e envia para a gente”, frisa.
Reconhecimento
Demonstrando satisfação, Wilson destaca que, se não fosse criado um Sistema de Regulação, toda a parceria com a Prefeitura seria perdida futuramente. “Ao longo do tempo, sem a normatização institucional, o projeto iria acabar se perdendo. Mas hoje a regulação existe e obriga a sua continuidade. Acredito que esse tipo de parceria é pioneira no Brasil com relação ao Sistema de Regulação”, elogia.
Por fim, Wilson faz um alerta quanto a importância do diagnóstico precoce da doença e enaltece a parceria com a Prefeitura de Aracaju que, de certa forma, ajuda a salvar vidas. “Ao longo desses 33 anos, a gente percebe que o câncer de criança avança muito mais rápido, o que pode deixar muitas sequelas e algumas morrem, porque chegam para o início do tratamento em estágio avançado. Se a gente identifica a doença no seu estágio inicial, a gente diminui bastante tudo isso. Diante de todos os desafios, com esse Termo Aditivo que assinamos recentemente com a Prefeitura, é um grande passo para combater o câncer infantojuvenil”, conclui.
Fonte: aracaju.se.gov.br