No atletismo, entre atletas de outros 26 Estados e do Distrito Federal, Raquel Vitória foi campeã de arremesso de peso, salto em distância e pelota
Apenas um encontro e dois dias de treino foram necessários para consagrar Raquel Vitória como campeã de arremesso de peso, salto em distância e lançamento de pelota. A jovem de 12 anos, que é cadastrada na Associação dos Voluntários a Serviço de Oncologia em Sergipe (Avosos), participou do Campeonato Nacional de Paralimpíada Escolar e trouxe três ouros para casa. Ao retornar da viagem, Raquel desfilou pelas ruas do município de Capela no carro dos Bombeiros e recebeu diversas homenagens na Câmara de Vereadores. Agora tem o sonho de permanecer no esporte e trazer mais medalhas para Sergipe.
A descoberta de sua aptidão para o esporte veio pelo professor de Educação Física da rede pública, Antônio Júnior, em uma visita seis meses atrás à Escola Estadual Poeta Garcia Rosa, no município de Capela. O professor e treinador buscava outros estudantes listados em uma pesquisa pela rede estadual, e ao saber da nova aluna, não vacilou em fazer o convite. Já a Avosos apoiou a atleta fornecendo passagem e uma ajuda de custo.
“Como eu já sei quais as deficiências que têm para o esporte atletismo, eu já comecei a vislumbrar onde poderia encaixar a participação de Raquel. Por ela ter amputação da perna não imaginei em nenhum momento que ela não pudesse ser vencedora da Paralimpíada Escolar, que é o maior evento escolar do mundo”, revela Antônio.
Com o apoio de toda a família, Raquel participou da seletiva nos Jogos da Primavera, em outubro no Estado, o que lhe garantiu a participação na Paralimpíada Escolar, em São Paulo. A mãe Liliane Santos ficou orgulhosa da filha que sempre foi muito ativa. “Dentro dela já existe esse dom. Ela anda de bicicleta, com os irmãos, pula corda, faz de tudo. Então, o que ela quiser fazer, não sendo ruim para a saúde dela, nós vamos apoiar”, comemora.
Nessa experiência da Raquel como atleta, tudo foi novidade. Acompanhada pela mãe, a estudante viajou pela primeira vez de avião para outro Estado, participou de uma competição nacional e se tornou a atleta com mais medalhas da equipe sergipana. Nas provas, a atleta diz que sentiu mais facilidade na modalidade do Levantamento de pelota. “Eu achei a pelota a mais fácil, porque é mais leve. E o mais difícil o salto em distância, pois eu tive que correr e pular”, comenta.
O treinador acredita que essa dificuldade sentida na prova de salto foi pela distância da rampa até a faixa de areia. “Aqui treinamos com uma distância meio metro menor do que a da competição. Senti que ela ficou com medo de cair no asfalto e não no banco de areia”, argumenta. Mesmo assim, Raquel ganhou a medalha de ouro, completando o quadro geral de 44 medalhas da equipe de 18 atletas paraolímpicos de Sergipe.
A partir de agora, o professor diz que fará um planejamento diferenciado de treinamentos com Raquel. Ela que se mudou da capital para o interior do Estado, vai continuar os treinos para garantir o primeiro lugar em todas as competições. “A gente vai ver inicialmente a possibilidade dela participar alguns dias comigo aqui em Aracaju. Temos também uma colega de profissão, que trabalha em Capela e a Raquel vai poder ter esse suporte no município. Temos que tratar cada vez mais e desde cedo esse esporte com responsabilidade para projetar a atleta nacional e mundialmente. Ainda é recreativo para ela, mas nós já conseguimos enxergar nela uma atleta completa”, adianta o treinador Antônio Júnior.
Ao ser perguntada sobre continuar competindo e ser uma grande atleta, Raquel descreveu em apenas uma palavra a sua decisão: “Quero!”.
Por Fernanda Queiroz (voluntária da Avosos)
e Waneska Cipriano (Ascom/Avosos)